sete abril
Hoje, ao final do dia, ao deixar atrás de si fechada a porta do gabinete, depois do abraço de despedida aos que ainda ficam – o do gabinete do fundo, aquele com vista para o Tejo e para o Aquaparque – depois do último café tomado na cozinha - nessa bela máquina cujo som levo comigo no tempo - depois de um ultimo olhar geral sobre o Open Office que fica, segue-se lentamente à direita, na primeira porta – porque hoje não apetece o elevador – descem-se as escadas – dois lances – atravessam-se dois corredores de portas – mais 4 degraus, porta da garagem, e o carro, parado, com o olhar de quem também se despede, ao entrar nele, colocar o cinto, carregar no Start/Stop, primeira, avançar sobre o portão, um ultimo adeus ao seu homónimo...
Hoje, esta noite, ao final do dia, vai apetecer dar um grito bem fundo, bem alto para que todo um mundo cá de dentro o ouça, ao mesmo tempo em que as memorias de oito anos em que praticamente tudo aconteceu, mas em que acima de tudo, tanta coisa mudou nas nossas vidas – na minha, na nossa...
Enquanto escrevo este post, despeço-me, eu também, de um nome, feminino e, em tantas coisas, de tão feminino comportamento.
Escrevo este post hoje conhecendo bem esta “casa” que, mais do que um nome – mais do que uma empresa – sempre foi nome de uma família. Uma família que nasceu de um sonho. O sonho de poder, juntando a força dos pequenos, criar uma grande força, capaz de negociar com os mais ricos condições competitivas para o mercado.
Conheci-a por dentro – até porque trabalhei lá 2 Verões – e onde, e acima de tudo, aprendi coisas muito mais do que importantes para a vida.
Hoje, ao final do dia, ficam para trás milhares de horas de reuniões e contratos, alguns – bastantes – cabelos brancos, gargalhadas, idas de ambulância para o hospital, rapeis, aniversários, almoços e jantares, assembleias gerais, percentagens – “por centagens” – folheto, paga dois leve três, regresso às aulas, natal, pascoa, feira de vinhos, feira de enchidos, novos produtos, bebidas, não alimentar...
Hoje, ao final do dia, fecha-se um ciclo. Um ciclo – um circo – onde se pôde conhecer meio mundo – e o outro; sentir na pele a justiça e a injustiça.
Nos últimos oito anos aconteceu de tudo – a maioria coisas muito boas – mas, desde 2002, cada dia pareceu uma aventura na qual se tinha que sobreviver, engolir em seco e fazer peito firme para aparar e usar do golpe de rins. E pergunto eu, é justo?
Não tenho nada a ver com isso...
Mas fico triste... a sério que fico.
E a maioria nem sabe o que se lhes está à espera... aguardam-se os seguintes episódios de uma novela que já nem na tvi passava...
"é o mercado!"
Como vinha escrito numa sms recebida por estes dias: “Nada que o Clã Moreira não resolva com uma perna às costas como sempre resolveu” – acho que resume por si só.
E, como diria a Joana... AHHHHHHHHHHHHHHHHH!
E, ao fim deste dia, vai apetecer chegar a casa, porque, no final das contas, nem sempre “a house doesn’t make a home”, neste caso faz!
Até um dia U.
10 comentários:
E um grande abraço para ti e para o teu pai!!! faça favor de o entregar !!!
;)
é bom ter filhos assim.
a maior herança que os meus pais me deram (uma enorme herança), foi o seu modelo de vida.
guiado por valores, pela palavra, pela honestidade, pela humildade.
é muito bom sentir que os que estão a seguir a mim têm esses princípios.
é muito reconfortante.
:)
Quem perde o seu melhor potencial humano é uma empresa condenada a não ter futuro. Azar deles.
Em nome do "Dias", somos muitos dias todos os dias, só me cumpre dizer: pode um ciclo ter terminado, mas de certeza que se antevê um futuro cheio de novidades para o nosso querido amigo carlos.
E porque fiquei comovida com esta identificação tão bonita dum filho com o seu pai. Só me acresce a certeza que quem tem família tão boa e coesa, merece o mundo.E verdade, o filho escreve tão bem como o pai.
Um abraço. Gostamos muito de ti, porque te respeitamos e sabemos que tens uma força, inteligência e sentido de humor que nos faz sentir mais ricos.Todos os dias um bocadinho mais.
até fiquei com um nó na garganta ao ler isto.
é bonito ver uma familia tão unida.
beijos e muito boa sorte:)
"a house doesnt make a home",but a family does!wherever...
n.b.:clan :)
Eh pá... apetece-me mandar tudo o que é injusto à tal parte. A alegria que hoje tive ao final do dia, porque as coisas foram mesmo excelentes para o meu lado, deixaram de ter significado ao saber... fiquei preplexo com a facilidade, a beleza e simplicidade com que um sentimento pode ser posto de uma forma escrita. Já o disse a alguém e aqui repito: Aquilo está um espanto.
Estou aqui Amigo, aliás, ESTAMOS CONTIGO.
Embora me sinta AINDA um bocado "intruso", ó Carlos, faço minhas as palavras da T. Um abração... a minha intuição não costuma falhar quando conheço alguém porreiro e com quem gostaria de conviver mais apesar da distância. Sim, isso - o convívio com os amigos, nos bons e maus momentos, é que é algo que ninguém pode dispensar ... this is not the end... you shall overcome ...
Conheci o Carlos num jantar. Vi-o uma vez mas li-o inúmeras vezes. Do muito pouco que dele conheço há características que sobressaem: a sua firmeza, os princípios, a verticalidade, um ideal. De um Homem assim não tenho qualquer dúvida que muito em breve dará a volta por cima. Como escreve a T “Quem perde o seu melhor potencial humano é uma empresa condenada a não ter futuro. Azar deles.” Sem dúvida que sim!
Um grande abraço para o Carlos.
Deve ser díficil quando nos tiram uma parte, ainda que seja o trabalho.
Mas é sabido que quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. No caso do Carlos, sei que não vai ser uma janela, mas uma grande varanda, com uma esplendorosa vista!
Um brande beijo!
Há momentos em que a vida nos prega umas rasteiras. Mas quando se têm este tipo de claque, tudo fica mais fácil!
;-)
Bjs
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