Bom Dia

esta noite, como tantas noites em que a última coisa que faço antes de dormir, escrevo com o meu pensamento preso em ti.
recordo - com saudade já - a forma como chegaste hoje até mim... pelo meio dos carros, pelo meio da vida atribulada de um e do outro, acabaste por chegar...
pelo meio de saltos e tropeções de quem, afinal, não se conhecia e acaba neste misto...
já usei esta frase - mas tens o condão.. um dom qualquer que me trouxe um Sol que nem quero saber se será grande ou não...
o condão de, nesta noite, fazer esquecer a raiva criada por mais revelações que se fizeram ainda sobre filmes antigos...
sento-me à porta do prédio que me vê chegar todos os dias e, antes de entrar, respiro uma vez mais o ar puro da vida, dos cheiros e silêncios que a noite nos dá.
sinto ainda o cheiro do abraço que, hoje, ficou por dar... mas tenho ainda o tom, a voz desse "bom dia" tão cheio de vida que, por entre os carros, saltos e tropeções, foste chegar até mim... tão simples... tão solta do que ignoramos... do que queremos ignorar...
não fazemos contas, não medir... ignorar que o mundo se pode abater, preferir deixar crescer, dia a dia, o querer mutuo de ser.

esta noite queria apenas e só agradecer-te o tempo que tens, me dás, me contas e sabes esperar...

não serás uma estrela no deserto, porque serás nunca multidão... porque és diferente... tens um brilhar diferente... um brilhar no que és... no que vives... no que genuinamente trazes em ti.

boa noite...

...esta noite adormeço contigo.

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